Esquece lá a minha existência, travessa nessas curvas das tuas ruas. Esquece lá o meu olhar, trapalhão, por trás da porta da cozinha. Esquece lá as minhas mãos, irrequietas, debaixo dos lençois. Esquece lá o meu corpo, insinuante, no sofá da tua sala. Esquece então os meus paços, em bicos de pés, pelos teus corredores. Esquece também a minha imagem de costas, ainda de bicos de pés, pelo correder, apenas com a tua t-shirt. Esquece os meus pensamentos, perdidos, naquele café. Esquece também o meu sorriso, tão teu, quando passeio com a tua mão. Esquece lá os meus gestos, banais, que acontecem dia a dia. Esquece o toque, que encaixa em ti, que acontece num sitio qualquer. Esquece o riso, sentido, que desperta por qualquer razão. Esquece a língua, brincalhona, que te faz comichão no céu da boaca. Esquece as manhãs, tão frias, quando acordas sozinho. Esquece as manhãs, tão frias, quando acordas com qualquer corpo. Esquece lá as linhas, tão perfeitas, que tu teimaste em moldar(me). Esquece a voz, sussurrante, tão proxima do teu pescoço. Esquece também os pés, magrinhos, ainda com o teu toque marcado. Esquece por fim, que algum dia te tenha apetecido esquecer...
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Há 3 anos
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