E sabem que mais...
A vida é um pouco de traços por aqui e por ali
Em tracejado, em linha recta, a negrita ou a tinta da china
Não importa a ninguém, nem a ti próprio te interessa, confessa lá!
Difícil escrever, descrever... desenhar, pintar, recortar...
Pois é e esse recortar que nos assalta a alma, tantas vezes vontade de cortar e colocar no ecoponto pedaços dessas linhas de qualquer formato
Reciclar a vida...ou pedaços dela...
Dar pedaços de nós a outros, para que dela possam usufruir de forma diferente, talvez melhor ou pior
Não te interessa, sabes bem que não
Que tudo que te acontece, por acaso, num tropeçar de qualquer coisa indefinida, apenas com definição futura num momento de retrospecção, pouco te importa na solidão das horas que vão passando
Mas um simples e diferente traçado, linha qualquer de outra cor, noutro local com outra forma... definiria toda uma vida diferente daquela que respiras neste momento
E quando não tens autonomia sobre as linhas que te vão desenhando, quando não queres mas fazes, quando não queres mas acontece... não fazes nada, porque por vezes não podes mesmo fazer nada! e que mal tem não fazer nada? nenhum, saboreia esse não poder fazer nada... e tira os sorrisos todos, consome-os devagarinho...
E num dia parece que tens o peso do mundo inteiro em cima de ti... onde todos se riem às gargalhadas de qualquer coisa
No dia seguinte, ainda sentes esse peso, menos uns quilos...menos umas gargalhadas...
No terceiro dia, pouco ou nada sentes...tens memórias que te deixam momentaneamente de nó no estômago...
Ao fim de uns dias... tudo igual, nada mais a acrescentar, as linhas continuas continuam após um pequena interrupção.