Hoje arrumei a casa, ainda sem querer, sem saber, sem perceber... arrumei-a, assim devagar por impulsos mas com certezas. De sorriso de orelha a orelha, cada coisa no seu lugar...cada abraço na sua caixinha, cada beijo no baú, cada frase, carta de amor no cantinho das recordações. Cada prenda, cada laço, cada noite de amor no seu livro guardado sem medo. De sorriso sincero e palavras soltas, sem medo, sem segredos guardei-te de vez na estante do meu armário dos afectos.
Antes de mais obrigada por teres existido na minha vida. Cresci tanto contigo. Aprendi tanto contigo. Fui tão feliz contigo. Também fui infeliz em momentos que já não importam. Ensinaste-me a amar, a dar, a viver, a partilhar. Preparaste-me para o mundo, para as aventuras, para as loucuras... trasmitiste-me a essência de ser livre e sentir intensamente a paixão. Agora guardei-te, limpei o pó, beijei-te uma última vez e sorri.
Depois da casa limpa, senti a porta a abrir-se... a liberdade para dar, agarrar... senti outra vez. É de loucos, é infantil, é saltar sem rede, é mergulhar sem saber nadar, apenas flutuar, é bom demais. Não importa sequer o que é bom, nem até onde vou, nem onde vou parar...vale pela estrada, por cada passo, por cada sensação... depois logo se pensa.
Limpei o que restava, abri a porta... arranjei um espaço... Anda!!!É só chegares, se preferires podemos ir... não importa, voltei a sentir... por isso leva-me, fica, vamos...como queiras.